Em uma semana, a greve dos servidores técnico-administrativos em educação das universidades federais brasileiras completará cem dias e coloca em risco uma das principais políticas do Ministério da Educação (MEC): a expansão do ensino superior público, processo que abriu 14 instituições desde 2003. Com a atual paralisação de mais de 75% dos 182 mil trabalhadores as construções de campi, a fiscalização de obras e as licitações de projetos são afetadas e atrasam as ações.
Além disso, mais de 500 mil alunos são prejudicados nos serviços de matrícula, atendimento de secretaria, expedição de matrículas e diplomas, biblioteca, laboratórios de informática e restaurante universitário.
Como as mais de 50 universidades federais do país estão participando de um programa do MEC de ampliação de infraestrutura, a greve impacta diretamente o andamento dos projetos. 'Os técnicos da área de engenharia e fiscalização estão de braços cruzados. As obras não pararam completamente, mas o ritmo dos trabalhos diminuiu', afirma Léia de Souza Oliveira, coordenadora-geral da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra).
A greve começou no dia 6 de junho e atrasou o início das aulas em algumas universidades. A categoria reivindica aumento do piso salarial inicial dos atuais R$ 1.034 para R$ 1.635 e que o governo federal abandone o projeto que cria uma estatal para gerir os hospitais universitários, além do cumprimento de acordos feitos em 2007. Há duas semanas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou a greve legal, mas determinou que 50% dos serviços sejam oferecidos regularmente. 'Mesmo assim a adesão é maciça, temos que cumprir a determinação para não pagar multa de R$ 50 mil por dia. Cada sindicato tem autonomia para negociar com as reitorias o formato da paralisação. Tem universidade onde é servido só almoço em vez de almoço e janta; em outras o servidor vai trabalhar dia sim, dia não', explica a sindicalista.
Léia também conta que o movimento está preocupado com a dura posição do governo em relação ao controle das contas públicas. 'O discurso do governo beira a intransigência e será difícil disputar recursos no Orçamento de 2012. Na semana que vem vamos fazer uma rodada de assembleias e avaliar os rumos do movimento.'
No ensino profissionalizante federal, que também passa por forte expansão, a greve dos servidores da área administrativa completou 50 dias esta semana. De acordo com o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) o movimento atinge 228 unidades, o que representa 70% da rede federal. A categoria quer reajuste de 14,67% e o fim da contratação de temporários.
Fonte: Valor Econômico
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