sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Paralisação Federal

Nem bem chegou ao nono mês de governo a presidente Dilma Rousseff já convive com greves e paralisações em diversos setores do serviço público federal, mostrando que os sindicatos, as federações e a confederações sindicais não terão com a atual presidente a mesma benevolência dispensada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve origem política no sindicalismo.
A mais nova greve no setor teve início essa semana com a mobilização dos funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos, onde cerca de 80% da categoria já cruzou os braços por melhor estruturação da empresa, pela contratação de mais funcionários, equipamentos novos e condições de trabalho para garantir um atendimento adequado à população, além, é claro, da questão salarial.
A questão é: será que o governo federal fará com os carteiros o mesmo que vem fazendo com os técnicos que trabalham nas universidades federais brasileiras, que estão em greve há mais de três meses e o Palácio do Planalto faz ouvidos moucos para as reivindicações da categoria?
Tão importante quanto a reivindicação de melhorias salariais nos Correios, estatal onde o piso é de apenas R$ 807 contra um piso médio de 1,4 mil nas demais empresas do governo, é a cobrança para que a ECT realize concurso público imediato para a contratação de novos carteiros, já que a falta de funcionários faz com que os entregadores trabalhem esgotados pela pressão de manter o serviço em dia.
Em Dourados, por exemplo, o déficit de carteiros chega ao absurdo de fazer com que as correspondências cheguem aos endereços com atraso de até uma semana. Pior para o comércio, que quando recebe boletos bancários já tem que pagar com juros em virtude da correspondência ter chegado ao destino após o vencimento do prazo de pagamento. Essa situação, por si só, justifica a reivindicação de aumento salarial de R$ 400, reajuste no valor do vale-refeição e a contratação de 21 mil trabalhadores em todo, além, é claro, do pagamento de perdas salariais. A proposta da ECT está longe disso: aumento salarial final de 13% para 64.427 empregados, fator que atingira 60,14% do efetivo total da empresa.
Em relação aos técnicos das universidades federais a situação não é diferente e todas as instituições públicas de ensino superior do Brasil estão sofrendo com a greve. A única atitude do governo federal com intenção de colocar um ponto final na greve foi a lamentação do ministro da Educação, Fernando Haddad, que pede aos técnicos administrativos das universidades federais para retomar as negociações. O ministro garante que fez todos os esforços para que a mesa de negociações não fosse abandonada e que ele próprio se reuniu com representantes da categoria, mas não conseguiu um acordo.
Ora, será que o ministro Fernando Haddad acredita que apenas com reuniões e conversa vai colocar fim numa greve justa, já que os técnicos administrativos das universidades federais sofrem com a defasagem salarial, com a perda do poder de compra dos salários e com as péssimas condições de trabalho na maioria das instituições federais de ensino superior.
Como greve pouca é bobagem, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol) e a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) estão preparando uma greve geral por tempo indeterminado em todo o país. Os policiais federais criticam o corte de R$ 281 milhões no orçamento da PF em 2011, além da limitação das despesas com diárias e passagens, bem como a suspensão dos concursos para reforço do efetivo da Polícia Federal e, para variar, a defasagem salarial da categoria, uma vez que os policiais federais estão há quatro anos sem reposição salarial.
Não falta mais nada! Quando a principal polícia judiciária de uma Nação ameaça entrar em greve por tempo indeterminado por questões salariais é porque a máquina pública está invertendo prioridades, ou seja, sobra dinheiro para tocar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e para fazer o Bolsa Família chegar a 12 milhões de famílias, mas falta recursos para remunerar melhor aqueles que fazem a mesma máquina funcionar.
Fonte: Progresso

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