
A criação da Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (Ebserh), destinada à administração dos hospitais universitários
federais, continua dividindo opiniões dos reitores e dos diretores dessas
unidades de saúde no país, apesar dos debates, fóruns e das mobilizações que
aconteceram ao longo de 2011, retomadas neste começo de ano. A Lei nº 12.550 -
que autorizou a criação da empresa e foi sancionada pela presidente Dilma
Rousseff em 15 de dezembro – ainda acirra grandes discussões na comunidade
acadêmica, classe política, entre os profissionais da Saúde e população
usuária, que temem pela privatização dos serviços prestados nos HUs e pela
perda de autonomia das universidades.
Na opinião do médico Paulo Luiz Teixeira
Cavalcante, diretor-geral do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes
(HUPAA), a ameaça de privatização dos HUs, denunciada por sindicatos e outras
instituições da área da Educação e Saúde, é uma hipótese desconsiderada pelos
juristas. “Segundo os juristas, baseados na Lei 12.550, não há
possibilidade de privatização, apesar da terceirização da gestão” enfatiza
o diretor, acrescentando que “são duas coisas diferentes”.
Paulo Teixeira explica que a Lei nº 12.550
tem um texto claro em relação à Ebserh ser pública. “Em seu primeiro artigo a
lei diz: Fica o Pode Executivo autorizado a criar empresa pública unipessoal”
enfatiza. Ele também aponta outro artigo, o Art. 2º, que diz que a empresa terá
seu capital social integralmente sob a propriedade da União.
“Esse novo modelo de gestão é baseado no
Hospital Universitário de Porto Alegre, que apresenta indicadores positivos. Se
conseguirmos, através dessa empresa, resolver nossos maiores problemas, que são
a carência de pessoal qualificado e de recursos financeiros; e desde que não
haja perda de autonomia das universidades, então acredito que esse novo modelo
de gestão poderá dar certo” comenta o diretor.
O processo de implantação da Ebserh está
acelerado, segundo informa o recém-nomeado presidente da empresa, José Rubens
Rebelatto. Diante de tantas indagações sobre o novo modelo de gestão nos HUs,
ele esclareceu em entrevista, em Brasília, que as universidades que aderirem ao
sistema continuarão a indicar os dirigentes hospitalares; Também reforçou que o
contrato a ser firmado com as universidades, apesar de seguir um modelo-padrão,
estabelecerá atribuições específicas, de acordo com a realidade de cada
unidade.
A Ebserh será gerida por Conselho
Administrativo, Diretoria Executiva e terá Conselho Fiscal e Conselho
Consultivo. A primeira meta anunciada por Rebelatto é ser responsável pela
gestão de pelo menos cinco hospitais universitários até o final do ano. Sem
orçamento definido, a empresa nasce com um caixa simbólico de R$ 5 milhões para
custeio de sua instalação.
Paulo Teixeira lembra que cada universidade
poderá decidir, em seus conselhos superiores, pela contratação da Ebserh para
gerir seus hospitais. Mas, enfatiza que apesar de não haver obrigatoriedade, a
universidade que não aderir terá problemas para repor pessoal, já que as
contratações no âmbito dos hospitais universitários só serão viabilizadas pela
Ebserh, através de processo seletivo simplificado, num primeiro momento. Pelo
regimento da Ebserh, os critérios para aprovação no processo seletivo serão
definidos pelas universidades as quais os hospitais são vinculados.
O diretor do HUPAA lembra que todas as
discussões sobre esse tema são experiências ricas e que diretores de HUs e
reitores ainda precisam promover debates nos conselhos superiores para que a
decisão sobre a adesão ou não à Ebserh seja o mais próxima possível do
consenso. “Nós não vamos aceitar passivamente a proposta ou
rejeitá-la radicalmente. Todos nós sabemos que precisamos de uma solução para os
hospitais universitários, desde que seja preservado o princípio de autonomia
universitário e que traga ganhos reais para os servidores”.
Fonte: HUPAA/UFAL
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