A proposta do governo de transferir para os ministérios as negociações com os servidores, hoje centralizadas no Planejamento, é vista com ressalva pelos líderes sindicais. O temor é de que, ao pulverizar as conversas, o Palácio do Planalto desmobilize a categoria, enfraqueça o movimento grevista e provoque competição entre o funcionalismo por aumentos maiores. Quanto ao parcelamento do reajuste em três anos, conforme indicou o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ao presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, não há objeção, desde que o índice de correção dos salários fique acima da inflação.
Se o governo optar, de fato, pela descentralização, cada ministério deve receber as lideranças competentes das categorias que estão de braços cruzados — são mais de 350 mil trabalhadores. Ma a diretora do Comando Nacional da Greve dos Servidores Públicos Federais, Geralda Vítor, não esconde a preocupação. "Haverá uma dispersão dos trabalhadores e o processo de unificar as paralisações perderá o sentido", afirmou. Ela destacou que a classe sindical deve permanecer unida. "Não podemos desmontar tudo que já construímos até agora. O governo quer nos enfraquecer e nós não vamos deixar", garantiu.
Competência
O coordenador da Central Sindical Popular (CSP Conlutas), Paulo Barela, não vê a pulverização das conversas com tanto pessimismo. No seu entender, o governo tem demonstrado interesse em negociar. "O fato de o governo admitir uma negociação é sempre positivo. De fato, cada categoria deve mesmo conversar com o ministério competente para resolver pautas específicas. Antes disso, no entanto, queremos uma resposta global para as reivindicações gerais do setor público. É uma questão de hierarquia, de prioridades", ponderou. Os servidores exigem aumento linear de 22%, além da igualdade dos contracheques dos aposentados com os dos trabalhadores ativos.
Esse reajuste dificilmente sairá. Há quem acredite, como o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), Pedro Delarue, que o governo concederá algum aumento aos servidores. Mas a correção deverá ficar perto de 3%, ou seja, inferior à inflação média de 4,5% que o Ministério da Fazenda estima para 2013 e 2014.
Petroleiros suspendem paralisação
Os petroleiros aprovaram, em assembleias, a suspensão da greve que começaria ontem, informou um diretor de Comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Leopoldino Martins. A entidade, que representa a categoria, e os seus sindicatos já haviam indicado acordo com a Petrobras na última quarta-feira para o aumento da participação (PLR) dos trabalhadores nos lucros da empresa. A proposta da estatal precisa, porém, da aprovação dos seus empregados, o que deverá ocorrer até a próxima quarta-feira.
"A base está apoiando o acordo em sua maioria. Aceitaram a suspensão da greve", disse ele. A FUP sinalizou a possibilidade de greve por tempo indeterminado a partir de 20 de julho, caso a Petrobras não concordasse com um aumento da participação nos lucros. A empresa então elevou os valores propostos em 12%, com piso de R$ 760 mais um abono de R$ 1.260 reais ou 12% de remuneração, o que for maior.
Fonte: Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário