Servidores federais em greve fizeram um protesto na manhã de sexta-feira (6), em frente ao Hospital Miguel Couto, onde a presidente Dilma Roussef inaugurou, em prédio anexo à unidade, a Coordenação de Emergência Regional (CER Leblon). Os trabalhadores foram cobrar a abertura de negociações da campanha nacional unificada da categoria, suspensas pelo governo desde 19 de junho.
Com faixas e palavras de ordem, os funcionários federais, em sua maioria da saúde, das universidades e escolas federais, denunciavam à população o desrespeito com que o governo Dilma tem tratado a categoria, rejeitando toda a pauta de reivindicações, sem apresentar qualquer contraproposta. Um governo que se diz democrático, mas que trata os trabalhadores com intransigência e arbítrio. Nas palavras de ordem, deixavam claro esta situação: “É greve, é todo dia, porque a Dilma não negocia”, ou, responsabilizando a presidente pela paralisação nacional: “Saúde, na rua, ô Dilma a culpa é sua” e “Educação, na rua, ô Dilma a culpa é sua”.
Privatização e corrupção
A chegada da presidente estava marcada para as 11 horas, mas a presença dos manifestantes fez com que isto só acontecesse depois das 12h30. Aos poucos, o policiamento e a segurança presidencial foram aumentando, enquanto chegavam mais servidores. O projeto de Dilma de sucatear para depois privatizar os serviços públicos, suas relações com empreiteiras, principalmente a Delta, foi alvo das palavras de ordem e das faixas presentes à manifestação: “Ô, ô, ô, cadê o dinheiro? A Dilma deu tudo pro banqueiro e pro bicheiro”. E numa referência específica aos incêndios em hospitais do Rio de Janeiro: “A nossa vida, está em jogo, saúde sem verba pega fogo”. O governador Cabral e sua relação com a Delta não deixaram de ser lembrados: “Eu eu, não to feliz, eu tô em greve e Cabral tá em Paris”.
Dilma não recebe servidores
Às 12h40, os servidores ficaram sabendo que a comitiva da presidente entraria por um portão lateral do Hospital Miguel Couto, e seguiram para lá. Os carros tentam entrar, mas são barrados pelos manifestantes. Chegam carros do Choque da PM e mais seguranças da Presidência da República. O portão é aberto e os policiais agem com truculência, empurrando e batendo nos trabalhadores. Vários são agredidos, entre eles, Regina Lorosa, do Hospital de Ipanema, chamada de vagabunda por um PM e, como os demais, retirada à força da frente da entrada lateral.
Vários carros pretos oficiais chegaram, mas Dilma entrou escondida em um furgão de uma empresa de turismo. Diversos assessores da Presidência da República fizeram um teatro, fingindo estar interessados em fazer com que Dilma recebesse uma comissão com representantes de diversos setores do funcionalismo, o que não aconteceu até o fim da manifestação.
No calcanhar de Dilma
Para Lúcia Pádua, um dos dirigentes do Sindsprev/RJ presente ao protesto, avaliou como positiva a manifestação. “Manifestações como estas denunciam a forma desrespeitosa com o governo Dilma trata os servidores em greve. Estaremos no calcanhar da presidente, com protestos cada vez maiores, em todo estado que ela for”, avisou. Membro do Comando Nacional de Greve, Nazira Correia, do Andes – Sindicato Nacional, disse que a entidade contratou os serviços de um avião, que levará pelos céus do Rio de Janeiro, de sexta a domingo, uma faixa com os dizeres: “Dilma, negociação, já!”.
A dirigente avaliou que a tática do governo, de não negociar para desgastar a greve, está sendo um tiro no pé. “A greve vem crescendo em todos os setores e isto faz com que o governo é que se desgaste cada vez mais, na medida em que fica claro para a sociedade que ele é o responsável pela continuidade da greve porque se nega a negociar”, afirmou.
Fonte: Sindsprev

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