Os auditores da Receita Federal vão interromper os
trabalhos de liberação de mercadorias nesta terça e quarta-feira, conforme
aprovado em assembleia na semana passada pelo Sindicato Nacional dos Auditores
Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco).
Em 30 de maio aconteceu a segunda rodada do
"Dia da Mobilização de Advertência" para chamar a atenção do Palácio
do Planalto para um pedido de reajuste salarial. Contudo, nenhuma proposta foi
apresentada pelo governo aos servidores e a paralisação desta semana foi
aprovada.
Segundo o Sindifisco, a paralisação que
começa nesta terça-feira foi acordada por 97,5% dos votantes presentes na
assembleia. A exemplo das mobilizações anteriores, os auditores farão nestes
dias 12 e 13 uma operação-padrão, em que serão feitos pequenos trabalhos
internos e nenhuma mercadoria será liberada.
Risco de greve permanente – Se, após esse
período, o representante do governo nas negociações, Sérgio Mendonça,
secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, não fizer uma
proposta concreta de reajuste aos servidores públicos, a mobilização será
instaurada por tempo indeterminado a partir de 18 de junho.
"Não vamos parar
totalmente para não nos enquadrarmos nas restrições de greves de servidores
públicos, mas teremos procedimentos decisórios, ou seja, que levem à liberação
de cargas", explica Pedro Delarue Tolentino Filho, presidente do
Sindifisco Nacional.
Reajuste – A auditora fiscal e também
vice-presidente da filial de Santos do Sindifisco, Maria Cristina Eusébio,
afirmou ao site de VEJA que a defasagem de salário tem levado muitos auditores
a prestar concursos públicos e abandonar a profissão em busca de uma
remuneração melhor. Com isso, a auditoria da Receita tem déficit de
profissionais.
O Sindifisco quer negociar com o governo um
reajuste de salário, o que não acontece desde o segundo semestre de 2010 (o
porcentual ainda será discutido). Reivindica também melhores condições de
trabalho. “A ideia é abrir um canal de negociação que não prejudique a
população nem o empresariado”, diz Maurício Zamboni, diretor de comunicação do
sindicato.
Leia Mais: Empresas têm prejuízo com a
'Maré Vermelha'
Brasileiros sofrem com operação da Receita
Federal nos portos
Prejudicados – A iniciativa deverá
complicar a já difícil situação que empresas e pessoas físicas vêm enfrentando
desde a instalação, em março, da chamada 'Operação Maré Vermelha' da Receita –
que consiste na ampliação do escopo de inspeção manual das mercadorias.
A operação tem o intuito de combater
fraudes. Contudo, como o órgão não investiu significativamente em pessoal e em
equipamentos para dar conta da atuação ampliada, o resultado tem sido muita
demora para legalizar a entrada de produtos no país. Em alguns casos, leva-se o
dobro do tempo para realizar essa tarefa.
O novo 'Dia da Mobilização' afetará todos
os negócios de importação realizados por empresas, e também compras de artigos
importados realizados por pessoas físicas e jurídicas em portais de comércio
eletrônico baseados em outros países.
Não haverá, nos aeroportos, mudança no
padrão de inspeção das malas de passageiros que desembarcam no país. Estas,
aliás, também têm sido realizadas com maior frequencia e esmero pelos
auditores, o que tem redundado em filas e demora no desembarque.
Fonte:
Veja
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