Daro Piffer - Presidente do Sinal
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Os
servidores públicos federais foram pegos de surpresa com o anúncio pelo governo
do índice de reajuste salarial de 21,3%, em quatro anos até 2019. Ainda
atônitos, um dia depois da divulgação, indignados, classificaram a oferta de
“indecorosa”. Eles reafirmam a intenção de manter o aumento pleiteado pelo
conjunto do funcionalismo, de 27,3%, já em janeiro de 2016, e prometem
exacerbar ainda mais os atos de protesto em todo o país. Nos cálculos do
corrosômetro do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) –
indicador criado para computar perdas salariais -, a queda no poder aquisitivo,
que já estavam em 20%, desde 2010 até 2015, vai saltar para 22,8%, ao final de
2019.
“Nossa
expectativa é de uma rejeição generalizada. Infelizmente, vamos dizer ao
governo que a contraproposta não nos atende, não é satisfatória e ele terá que
melhorá-la. Vamos retornar a bola ao Ministério do Planejamento e esperamos que
as contas sejam refeitas”, explicou Daro Piffer, presidente do Sinal. Há outras
divergências entre os índices do governo e os dos trabalhadores. De acordo com
o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio
Mendonça, foram levadas em conta as projeções de inflação do mercado,
consolidadas no Boletim Focus do Banco Central de 19 de junho de 2015 (5,5%,
4,8%, 4,5% e 4,5%, respectivamente para 2016 a 2018).
O
Sinal aponta que o mesmo documento do BC sinaliza inflação de 8,97% para 2015,
que não foi considerada. No entender de Daro Piffer, o governo quer, com essa
estratégia, passar uma borracha no passado. “As perdas tendem a ser
eternizadas. É verdade, como disse Mendonça, que o ex-presidente Lula recuperou
o poder aquisitivo perdido com a política restritiva na era FHC. Mas queremos
chegar ao patamar da época de Itamar Franco. Não dá para jogar todo o trabalho
do governo Lula no lixo”, irritou-se Piffer. Mais grave ainda, no entender do
líder sindical, é que não é possível confiar nas projeções de inflação da atual
equipe econômica.
Em
2012, após uma das maiores greves dos últimos tempos, as projeções eram de
inflação a 5% naquele nos três anos seguintes (2103, 2014 e 2015). Apenas em
2013, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
perda do poder aquisitivo fechou o ano em 5,91%. Em 2014, chegou a 6,41%, muito
próximo ao teto da meta estabelecida pelo BC, de 6,5%. Nesse clima de ceticismo,
os servidores apontam que a proposta do governo perdeu ainda mais o sentido
porque não considerou que até mesmo os 27,3% apresentados pelo Fórum dos
Servidores Públicos Federais já estava defasado.
Em
março, as estimativas eram de ganho real, até junho de 2016, de 2%. Porém, a
previsão de inflação estava na casa dos 6,6%. Como agora beira os 9%, esse
ganho foi perdido. “Não podemos cair nessa armadilha. O governo apresentou a
proposta justamente no Dia Nacional de Luta, tentando esvaziar o movimento. Mas
não adiantou. O que o Planejamento apresentou não foi uma contraproposta. A
nossa pauta de reivindicação tem oito eixos. O salário é apenas um deles. Com
certeza, no dia 7 de julho, vamos reiterar que nossa proposta não mudou,
continuamos com os 27,3% para 2016, buscando repor, pelo menos a inflação nos
anos seguintes”, reforçou Piffer.
Fonte: Correio Braziliense
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