Os servidores públicos de
elite não querem sequer considerar a possibilidade de reajuste abaixo dos 27,3%
reivindicado na campanha salarial de 2015. Ontem, em reunião do Fórum Nacional
Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que representa mais de
180 mil trabalhadores (26 sindicatos) com alto nível de especialização, os
representantes sindicais subiram o tom. Eles alegam que já abriram mão do
restabelecimento total dos ganhos mensais, pois se cobrassem a queda no poder
aquisitivo desde 2000, o percentual não poderia ser inferior a 50%. Por isso,
preparam uma artilharia pesada que inclui manifestações, atos de protesto,
paralisações e até greve geral.
“Nossa demanda é de 27,3%.
Não há outro cenário. Menos que isso, é greve”, disparou Daro Piffer,
presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal). A
categoria fará hoje paralisação de quatro horas, a partir das 9h. “Se a
presidente e os ministros desistirem do aumento de 15,76%, também abandonaremos
a ideia dos 27,3%”, complementou Márcio Gimene, presidente da Associação
Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor).
“Salário de servidor não é
gasto, é investimento. Desempenhamos papel crucial para a gestão pública”,
destacou Sávio Silveira Feitosa, presidente do Sindicato Nacional dos Peritos
Federais Agrários (SindPFA). Roberto Kupski, presidente do Fonacate, explicou
que, além das defasagens salariais, outros itens não avançam. “As indenizações
de transportes (para quem usa o próprio veículo) estão congeladas desde 1999 em
R$ 17 por dia. As diárias estão em R$ 200, em média, desde 2009.”
Rudinei Marques,
secretário-geral do Fórum, lembrou que ali estava presente o núcleo estratégico
do governo. “Olhando os grandes números, é fácil deduzir que orçamento é uma
escolha. Sem os empréstimos do BNDES a grandes empresas com juros subsidiados
que, desde 2008, chegam a quase R$ 500 bilhões, sobraria dinheiro. Se fosse
aprovada a taxação de grandes fortunas, o retorno seria de mais de R$ 100 bilhões,
quase duas vezes as despesas com os 27,3%. Há mais de 10 mil funcionários
requisitados com salários astronômicos que poderiam ser substituídos por
servidores. São pequenos exemplos de onde o dinheiro pode vir”, disse Marques.
Pressão
O grupo de servidores que
se encontrou ontem atua nas áreas de arrecadação, fiscalização, controle,
segurança, planejamento e orçamento. Juntos, podem movimentar ou paralisar a
gestão pública. O principal objetivo foi aglutinar movimentos isolados que
começaram a pipocar pelo Brasil desde março, quando o ministro do Planejamento,
Nelson Barbosa, declarou que os 27,3% são “irreais”. Nesse período, mais de 1,3
mil procuradores federais e advogados da União entregaram cargos de chefia.
Hoje, farão ato em frente à AGU, às 11h.
Analistas e técnicos em
finanças se reuniram, ontem, em frente à CGU e hoje protestam, às 10h, no hall
de entrada do Ministério da Fazenda. Os auditores da Receita Federal planejam
uma entrega generalizada de cargos de chefia. Fizeram, ontem, mais um Dia
Nacional sem Computador, terceiro protesto nacional contra a desvalorização da
categoria. Também ontem, servidores do Judiciário e do Ministério Público da
União (MPU) entraram em greve por tempo indeterminado.
Fonte: Correio Braziliense
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