Nós, técnicos administrativos do Campus Alto Paraopeba, após nos reunirmos no dia 18 de julho de 2011 com o Comando Local de Greve, encaminhamos esta nota de repúdio a todos os nossos colegas TAE’s da UFSJ, bem como ao referido CLG, seguindo abaixo nossas indagações, que foram encaminhadas ao CLG e às quais, não obtemos respostas satisfatórias:
1) Primeiramente, nos causou imensa perplexidade saber que a Assembléia Geral encaminhou uma votação que não estava prevista em sua pauta de convocação, que foi a deliberação sobre a suspensão imediata da greve na UFSJ, desrespeitando todos os ritos adequados à qualquer AG, pois como afirmou nosso CLG, o atropelo foi tal que, não se sabia nem quem pediu essa inclusão de pauta;
2) Repudiamos igualmente, a “tancredada” (sem qualquer alusão a SJDR) que essa assembléia nos ofereceu, pois, segundo o CLG, a deliberação pela suspensão da greve já havia sido tomada por parte dos nossos colegas, que atropelaram a AG, que nem discutiria esse tema, e forçou o CLG a acatar essa precipitada decisão. Isso explica o acontecido, mas não o justifica. Não pudemos, ao menos, discutir os recentes acontecimentos e sequer pesarmos, de forma racional, os prós e os contras dessa posição (como UFMG e UFRJ fazem agora). O mais constrangedor e desanimador de tudo, foi saber, via CLG, que setores inteiros, bem como blocos de colegas, já haviam decidido que sairiam da greve independentemente da votação da AG, o que para nós, é um absurdo, ou seja, entramos via assembléia e saímos quando nos for conveniente. É incompreensível, vermos colegas criticando o racha da Fasubra depois disso. Sabíamos que esse racha já existia, mas o mesmo foi ignorado ao entrarmos de greve (63x61, lembram?), agora ele é motivo de desunião, por que será? Por que antes fazíamos parte da maioria e hoje não?;
3) Por falarmos em Fasubra, também não entendemos toda essa revolta contra a Federação. Ela, como Federação democrática que é, apenas seguiu a deliberação da maioria das bases sindicais e, claro, nunca poderá agradar a todos. No entanto, pelo visto nossos colegas acham que ela deveria seguir uma posição para cada sindicato, ou no caso dos TAE’s da UFSJ, uma posição por setor. Que tipo de unidade queremos construir assim? As posições da Fasubra apenas deverão ser seguidas quando fazemos parte da maioria, como foi na deflagração da greve? Isso é unidade?
A Fasubra tem inúmeros defeitos, mas para ela, plenária não se discute. Para nós, plenária nem se discute, atropeladamente, se ignora. Não vemos em nós, TAE’s da UFSJ, condição alguma de criticar a Fasubra nesse momento, muito menos falar em (?) desfiliação;
4) Outra crítica, essa para nosso CLG, é que nos foi passado em nossa assembléia no dia 11/07, que seguiríamos a plenária da Fasubra mesmo que ela fosse contrária à nossa posição de suspensão da greve (frisamos que nós, TAE’s do CAP, fomos também favoráveis à suspensão), o que foi decisivo para que defendêssemos também a suspensão. Pedimos veementemente ao nosso CLG que não nos passe posições, ou faça algum tipo de promessa que não possa, posteriormente, sustentar;
5) Discutir a questão suspensão x manutenção não cabe mais, é assunto esgotado. Porém, aproveitamos esse manifesto para deixar outra indagação: muitos de nossos companheiros que deram as costas à greve (inclusive das outras IFES) alegam que a nossa greve ganhou conotações políticas. Ora, não sejamos inocentes, uma greve contra o governo não tem como não ser política. A discussão de posições antagônicas é salutar e parte essencial da construção da unidade, apesar de parecer o contrário. Agora, no nosso entendimento, a abstenção dos 33 delegados que votaram pela suspensão, isto sim, é uma atitude inescrupulosa e altamente politiqueira. Não vemos outra finalidade nessa atitude que não seja minar a greve. Como dissemos acima, nem pudemos, ao menos, avaliar essa atitude aviltante de delegados favoráveis à suspensão, simplesmente saímos, como fizeram as bases que discordam e elevam o tom de disputa política na Federação. Enfim, alegando não querer entrar na disputa política da Fasubra, simplesmente, tomamos partido dela ao ignorar a votação maciça das suas bases. O que ganhamos com isso, o governo vai negociar conosco apenas e não com a Fasubra? O que ganhamos abandonando a Federação e quem acredita que dobrar-se à intransigência do governo não é uma boa alternativa? O que ganhamos detonando a greve? Como enfrentaremos o governo, de agora em diante, se no primeiro pito dele pegamos nossa malinha e votamos para casa? Se o governo não negocia com grevista, nunca mais poderemos fazer greve e teremos que aceitar tudo que vem de cima calados, correto?
Como todos podem ver, existem tantos argumentos que justificam a manutenção da greve, como a sua suspensão (estes nós conhecemos bem). Posições antagônicas a nossa não se restringem à política, como muitos nos fazem acreditar. E deixemos claro que essa não é uma posição do CAP. O CAP não tem posição, aliás, nem tivemos tempo de discuti-la;
6) Gostaríamos de agradecer imensamente a posição da reitoria, na pessoa do Prof. Helvécio Luiz Reis, pela sua colaboração e apoio ao nosso movimento. Todos sabem a importância desse apoio e dessa atitude, que logicamente, trouxe transtornos à administração da UFSJ, mas que, em momento algum foi revista pelo nosso reitor. Infelizmente, em detrimento desse apoio, vemos nosso movimento se esvaziar e perder força em função da nossa própria incapacidade de interlocução, afobamento e passionalidade ao tomarmos nossas decisões.
Finalizando, atividade classista é isso mesmo: a ditadura da maioria. Se a vontade da maioria não for seguida é o primeiro passo para cairmos definitivamente no jogo de politicagem das lideranças e o nosso fim como categoria.
Técnicos Administrativos do Campus Alto Paraopeba.
tecnicosdocap@gmail.com
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