sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Salas ficam vazias em campus da Ufba no 1º dia de aula após greve


O movimento de estudantes no primeiro dia de aulas após a greve de mais de três meses dos professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba)  foi pequeno nos pavilhões de ensino do Vale do Canela, em Salvador, na manhã desta sexta-feira (14). No PAC I, onde fica a Faculdade de Educação, cerca de 20 alunos do curso de nutrição foram para a aula de sociologia, mas a professora não compareceu. No prédio ao lado, na Faculdade de Administração, o movimento era de alunos de mestrado, além de estudantes que participavam de um seminário sobre educação. Havia aula apenas em um dos laboratórios.
Para o pró-reitor da Ufba, Ricardo Carneiro Miranda Filho, o pouco movimento na universidade neste primeiro dia é considerado normal. "É perfeitamente natural. Quem decreta a greve não é a instituição, foram os docentes e eles definiram que a greve terminaria no dia 13, então a partir do dia 14, todos as datas devem ser computadas como ano letivo. Ainda assim, tivemos o cuidado de dar uma certa folga em relação à quantidade de dias na definição do calendário, não computamos dias entre o Natal e o Ano Novo, por exemplo", diz.
Os professores encontrados pela equipe do G1 na manhã desta sexta-feira preferiram não falar sobre o pouco movimento na universidade. O retorno das aulas foi estabelecido em calendário aprovado durante reunião realizada na quarta-feira (12) entre representantes da reitoria da Ufba, professores e alunos.
Funcionários da instituição acreditam que os estudantes e professores devem retormar as atividades de vez na segunda-feira (17). "Ninguém vem pra cá na sexta-feira. A retomada verdadeira vai ser na segunda", opina Kátia Portela, gerente do refeitório do campus do Vale do Canela.
"A escola [de Adminstração] está praticamente parada hoje, mas temos algumas atividades acadêmicas. Hoje você não encontra muita gente. É aniversário de 53 anos da escola e não vai haver comemoração porque não tem aluno e nem professor", pontua Regina Pondé, secretária da Escola de Administração.
Presentes
Aluna do 4º semestre de nutrição, Érica Melo, 20 anos, afirma que acordou às 6h para ir à aula e sua sensação foi de frustração. “A professora simplesmente não aparece. Vim porque o colegiado enviou e-mail para a gente dizendo que era importante comparecermos nessas primeiras aulas”, diz.

A estudante, que mora no bairro de Mata Escura, distante da universidade, afirmou que demorou cerca de duas horas para chegar à instituição de ônibus e que ainda terá outra aula às 13h no campus de Ondina. Essa é a primeira vez que ela passa por uma greve na Ufba. "Se eu for para casa não dá tempo [de assitir à outra aula]. Vou almoçar por aqui mesmo ou lá em Ondina", afirma.
Para Érica, a greve dos professores só trouxe prejuízo aos alunos. Ela disse que "se deu férias" durante o período em que ficou sem as atividades acadêmicas e aproveitou para fazer uma renda extra dando aulas de reforço escolar. "Vamos ficar atrasados, vai confundir tudo. Acho que deviam tentar regularizar a grade. Fiquei de férias nesse tempo e aproveitei para ganhar dinheiro dando banca", completa.
Concluinte do curso de filosofia, Cleiton Souza, 30 anos, esteve na Faculdade de Educação para participar de um seminário. O estudante afirma que é a primeira vez que ele passa por uma greve de professores na instituição. Ele aproveitou o tempo sem aulas para se dedicar à produção da sua monografia, mas ainda assim se sente muito prejudicado com o movimento.
"O meu prejuízo foi que eu não consegui me formar, sou concluinte e a greve me prejudicou brutalmente. Com o novo calendário, minha conclusão fica lá para abril", observa.
Alguns alunos também reclamam do atraso no conteúdo e de já retomarem as atividades com provas. "Acho que o prejuízo maior é o atraso no conteúdo. Ficamos muito tempo sem ver nada e já vamos voltar para fazer provas. É uma desordem no calendário", opina a estudante do 4º semestre de Nutrição, Thaís Vieira, 20 anos.
Novo calendário
O novo calendário de aulas da Ufba em 2012 foi estendido até abril de 2013, quando deve terminar o segundo semestre. A programação das atividades acadêmicas foi reformulada em decorrência da greve nacional dos professores universitários, que começou no dia 29 de maio. O calendário novo foi proposto pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da Ufba (Consepe).

O término do primeiro semestre está previsto para o dia 20 de outubro de 2012. Já o segundo semestre de 2012 será iniciado no dia 21 de novembro e encerrado no dia 8 de abril de 2013.
A Pró-Reitoria de Ensino de Graduação da Ufba deve formular o calendário acadêmico completo nos próximos dias, constando datas de matrículas, trancamento, transferência, mobilidade externa, entre outras, de acordo com a assessoria de comunicação da universidade. 
As inscrições para o vestibular 2013 da Ufba estão abertas desde o dia 11 de setembro.
Fonte: G1/BA

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