Em assembleia
realizada na manhã de quarta-feira (5) no hall da reitoria da Universidade
Federal do Pará (UFPA), mais de cem dos mais de dois mil professores
universitários da instituição decidiram manter a greve por tempo indeterminado.
A paralisação já dura 112 dias e deixa mais de 32 mil universitários sem aulas.
O movimento
grevista é liderado pela Associação dos Docentes da UFPA (Adufpa), ligada
nacionalmente ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (Andes), órgão que optou por não assinar o último acordo proposto pelo
Governo Federal. Os professores pedem reajuste salarial,
reestruturação da carreira e melhores condições de trabalho.
"Nos
últimos nove anos houve aumento do número de alunos em sala. Turmas como as de
Pedagogia e Serviço Social, que tinham uma média de 35, estão com 60 ou 70
alunos agora, pois falta professor federal", conta João Santiago, um dos
líderes do movimento. "Os professores com doutorado ganhando menos
que delegados, a faixa salarial se aproxima do nível médio", questiona o
professor.
"Temos
categorias, como a de auxiliar - que inclui professores com nível de graduação
ou especialização - que o reajuste final é de R$ 58, se tirarmos a correção
inflacionária e a diferença de tempo, já que a proposta é para 2015. É um
absurdo! O governo diz que tem R$ 3,4 milhões para negociar e nós vamos pedir
aumento desse valor", revela Rosimê Meguins, diretora geral da Associação
dos Docentes da UFPA (Adufpa).
Proposta não atende demandas, dizem professores
O termo de
acordo proposto pelo governo federal assegura a todos os docentes um reajuste
de pelo menos 25% sobre a remuneração de março, quando houve aumento de 4%.
Para os professores titulares o índice atinge até 40%. Os valores serão pagos
em três parcelas, nos anos de 2013, 2014 e 2015.
Por telefone, a
Adufpa explicou que a decisão está baseada no fato de que as negociações entre
professores e o Governo estão paralisadas. A proposta divide o reajuste em três
anos e não repõe perdas salariais do período, nem atende as reivindicações para
a melhoria na progressão da carreira docente ou melhoria nas condições de
trabalha dos professores universitários.
Ainda segundo o
órgão, apesar do que diz o Governo Federal, "não há lei que obrigue o
Governo a entregar o orçamento até o dia 31 de agosto e essa data limite foi
criada pelo poder público como forma de impor sua proposta", afirmou Max
Costa, assessor de comunicação da Adufpa.
Ministério da
Educação diz que negociações não serão retomadas
O Ministério da
Educação (MEC) afirma que ao todo 19 universidades federais já manifestaram o
final da greve e que não reabrirá as negociações da proposta já firmada com
a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de
Ensino Superior (Proifes), e encaminhada ao Congresso Nacional.
O MEC diz ainda
que " espera agora o rito sindical para a volta total das
atividades acadêmicas. Além disso, está recebendo e analisando o planejamento
das instituições com relação à reposição dos dias parados".
Alunos estão
preocupados
O estudante
Felipe Linhares, que está no 7º semestre de Engenharia Mecânica, destacou que
muitas vezes, um semestre já não é suficiente para atender a todo o conteúdo
programático. “Com a greve, ainda seremos obrigados a ter aula aos fins de
semanas e no mês de julho”, acrescenta o estudante.
Segundo Felipe,
muitos professores falaram que não gostariam de aderir a greve e fizeram acordo
com algumas turmas, para que as aulas não fossem interrompidas. Porém, correm o
risco de encontrar os portões e salas da instituição trancados.
"Quem é
calouro é complicado porque desestimula. Entramos com vontade de estudar e logo
depois entra em greve", lamenta Marcele Gomes, universitária aprovada no
último vestibular da instituição.
A veterana Elen
Medeiros, que já sofreu com outras greves, diz que é preciso considerar o
prejuízo aos alunos. "Acredito que o semestre já perdemos e temos que ver
se vamos perder o próximo", questiona.
Fonte: G1/PA
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