O governo voltou a acender o sinal de alerta. Depois de se livrar da pressão dos servidores públicos federais, que atormentaram o país com uma greve que ainda acarreta prejuízos ao país, começa a prever problemas provocados por categorias profissionais poderosas que estão em fase de negociação salarial.
Fortalecidas, elas exigem ganhos reais (acima da inflação) de até 10%, ameaçam cruzar os braços e rejeitam as propostas das empresas. São os casos de bancários, petroleiros, carteiros, químicos e metalúrgicos, com datas-base marcadas para os próximos três meses. A orientação da presidente Dilma Rousseff é acompanhar os movimentos com lupa, porque ela não quer ver uma nova rodada de greves e de desconforto para a sociedade, sobretudo em relação a funcionários do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, da Petrobras e dos Correios.
Pauta destravada
Para tentar contornar eventuais transtornos, o Palácio do Planalto consultou a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Recebeu o recado de que não será fácil conter os ânimos, se as empresas resistirem. Ontem, o presidente da Central, Vagner Freitas, encontrou-se com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, além de lideranças de vários partidos políticos. Objetivo: destravar a pauta de negociações com o governo e levar à votação vários projetos de interesses das centrais que estão parados no Congresso.
"Queremos, entre outras garantias, o fim do fator previdenciário. Creio que o assunto começará a ser revisto em outubro", contou Freitas. O Planalto já sinalizou que aceita o fim do fator desde que haja mudanças nas regras de aposentadoria. Propõe um sistema de transição para os trabalhadores regidos pelo sistema atual: os homens poderão pendurar as chuteiras se a soma do tempo de contribuição à Previdência Social e da idade atingir 95 anos e as mulheres, 85.
Os novos, depois da mudança da lei, só poderão deixar o mercado de trabalho a partir dos 60 (mulheres) e 65 anos (homens). A CUT propõe ainda a isenção do Imposto de Renda (IR) sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) paga pelas empresas. "Estamos negociando com Gilberto Carvalho (secretário-geral da Presidência da República). Marcamos uma reunião para semana que vem", disse o sindicalista.
Ontem, os bancários avisaram que entrarão em greve no dia 18. Não aceitaram o reajuste linear de 6% proposto pelos bancos — querem 10,25%. "Condições para dar aumentos maiores os bancos têm", afirmou Carlos Cordeiro, do Comando Nacional dos Bancários. Os petroleiros querem 10% de aumento real, os carteiros quase 6% e os químicos, 5%. A campanha salarial na Petrobras começou em 31 de agosto, com a entrega de uma pauta à empresa. Os trabalhadores prometem fazer operação-padrão na semana que vem.
Fonte: Correio Braziliense
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